quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Nada Fica de Nada, de Ricardo Reis (Pessoa)

Nada fica de nada. Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.

Leis feitas, estátuas vistas, odes findas —
Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada.




via: http://www.citador.pt/poemas/nada-fica-de-nada-ricardo-reisbrheteronimo-de-fernando-pessoa

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

pity this busy monster, manunkind, de e.e.cummings

pity this busy monster, manunkind,

not. Progress is a comfortable disease:
your victim (death and life safely beyond)

plays with the bigness of his littleness
--- electrons deify one razorblade
into a mountainrange; lenses extend
unwish through curving wherewhen till unwish
returns on its unself.
                          A world of made
is not a world of born --- pity poor flesh

and trees, poor stars and stones, but never this
fine specimen of hypermagical

ultraomnipotence. We doctors know

a hopeless case if --- listen: there's a hell
of a good universe next door; let's go


via: https://web.cs.dal.ca/~johnston/poetry/pitmonster.html