Eu de barba branca a tiracolo
rodeado de fumo por todos os lados vadios
menos pelo lado do mar
como um incêndio à ilharga
e dois artelhos clandestinos
eu salvo miraculosamente para te amar e curar
e esperar o teu regresso glacial e escarlate
que escrevo poemas desde que um rato
me entrou prós pulmões e só por causa disso
eu que disse: há um cancro no mapa universal
e engenheiros, geógrafos, doutores se apressaram a negá-lo
eu da cintura pra cima de alcatrão e terror
e do umbigo pra baixo de quiosque chinês
eu não espero piedade obrigado
via: Modo de Usar https://www.facebook.com/165781520116872/photos/a.172076606154030.41436.165781520116872/1746118595416482/?type=3&theater
segunda-feira, 31 de julho de 2017
quinta-feira, 27 de julho de 2017
trecho de Ana Cristina Cesar
I
Enquanto leio meus seios estão a descoberto. É difícil concentrar-me ao ver seus bicos. Então rabisco as folhas deste álbum. Poética quebrada pelo meio.
II
Enquanto leio meus textos se fazem descobertos. É difícil escondê-los no meio dessas letras. Então me nutro das tetas dos poetas pensados no meu seio.
via: Abigail pelo face
Enquanto leio meus seios estão a descoberto. É difícil concentrar-me ao ver seus bicos. Então rabisco as folhas deste álbum. Poética quebrada pelo meio.
II
Enquanto leio meus textos se fazem descobertos. É difícil escondê-los no meio dessas letras. Então me nutro das tetas dos poetas pensados no meu seio.
via: Abigail pelo face
domingo, 23 de julho de 2017
Bestiário, de Jussara Salazar
a minha guerra será a tua guerra
não a guerra dos homens
mas a dos pássaros desgarrados
o nosso bestiário será esse
o do contrário nunca jamais
e a minha casa será a tua guerra
o nosso bestiário será esse
o do contrário e dos urubus diários
e a minha carne será a tua guerra
o nosso bestiário será esse
o dos monstros submersos que eunoé lembrará
quando a minha cruz for a tua guerra
então o nosso bestiário será esse
canto perdido sem prumo retalhado
sem dor sem beleza nem terra
e então a minha guerra será a tua guerra
via: Benedito
não a guerra dos homens
mas a dos pássaros desgarrados
o nosso bestiário será esse
o do contrário nunca jamais
e a minha casa será a tua guerra
o nosso bestiário será esse
o do contrário e dos urubus diários
e a minha carne será a tua guerra
o nosso bestiário será esse
o dos monstros submersos que eunoé lembrará
quando a minha cruz for a tua guerra
então o nosso bestiário será esse
canto perdido sem prumo retalhado
sem dor sem beleza nem terra
e então a minha guerra será a tua guerra
via: Benedito
Tiradeira de leite, de Everardo Norões
entre os dedos
o fulgor do leite
filtra a desordem solar
o curral aprisiona
o sossego dos bichos
o negro viscoso do olho
a refletir vasilhas
o ramo da árvore
a sombra do regaço
cedo a manhã cheira
e tudo se acorda
na precisão do mato
ou do alento
que chega do açude
no remanso das entranhas
dessas nuvens lentas
lentas
lentas
lentas
via: Benedito no facebook
o fulgor do leite
filtra a desordem solar
o curral aprisiona
o sossego dos bichos
o negro viscoso do olho
a refletir vasilhas
o ramo da árvore
a sombra do regaço
cedo a manhã cheira
e tudo se acorda
na precisão do mato
ou do alento
que chega do açude
no remanso das entranhas
dessas nuvens lentas
lentas
lentas
lentas
via: Benedito no facebook
segunda-feira, 3 de julho de 2017
Recordação do país infantil, de Oswald de Andrade
A estação da estrela d'alva. Uma lanterna de hotel. O mar cheiinho de siris.
Um camisolão. Conchas.
Vamos à praia das Tartarugas!
O menino foi pegado dando, atrás do monte de areia.
O carro plecpleca nas ruas.
O trem vai vendo o Brasil.
O Brasil é uma República Federativa cheia de árvores e de gente dizendo adeus.
Depois todos morrem.
Um camisolão. Conchas.
Vamos à praia das Tartarugas!
O menino foi pegado dando, atrás do monte de areia.
O carro plecpleca nas ruas.
O trem vai vendo o Brasil.
O Brasil é uma República Federativa cheia de árvores e de gente dizendo adeus.
Depois todos morrem.
sábado, 1 de julho de 2017
11. do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa
Nós nunca nos realizamos.
Somos dois abismos - um poço fitando o céu.
via: Igor Santana
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