quarta-feira, 5 de outubro de 2011

XLIII dos Cantares de Perda e Predileção, de Hilda Hilst

Ai que distância
Meu ódio-amor
Que dores
Que cintilâncias
De pena.
Tão a meu lado
Te penso
No entanto
Tão afastado

Como se a água ficasse
A um dedo da minha boca
E todo o deserto à volta
Me segurasse.

Tão triste e tão à vontade
Neste meu sol de martírios

Como se o corpo soubesse
Desses caminhos da sede
Porque nasceu conhecendo
Da paixão seu descaminho.

E brilhos no teu sadismo
E perdição na minha cara.
Que coloridos espinhos
Terás

Para a tua dura saudade.
Que tempestades de sede
Nos areais da procura
Quando saíres à caça
De quem te amou. De mim.

À caça do NUNCA MAIS.

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