O CINISMO PEDE AOS DESPOSSUÍDOS QUE ACEITEM O ULTRAJE COMO UM DEVER MORAL. O ÚNICO DEVER MORAL DOS DESPOSSUIDOS É DESTRUIR O CINISMO COM ULTRAJE.
haveria –
ode ou elogio –
senda sutil
ou suportável –
em que eu pudesse
ponderar o indizível,
em que eu pudesse
inscrever o que é
execrado;
para que um
entendimento
transtornado
se tornasse,
enfim,
inteligível?
via: http://revistamododeusar.blogspot.de/2014/01/william-zeytounlian.html
domingo, 31 de janeiro de 2016
sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
POEMA DE WINGSTON GONZÁLEZ, tradução de Ricardo Domeneck
RETRATO COM MADONNA, SANTOS E CELEIRO você encontra
câmera na mão, abraça o sal do universo
a reproduz, a reescreve, desconstroi
o som da água quando o corpo se desespera
emas correm por tundra assombrosa
destruição de peitos, presenças fixas, perguntas
coisas óbvias, lugar exato, sentido, palavra limpa
folhas de joio, exaltada, uma voz pergunta
por que uma ema correria pela tundra se mal
sei o que é tundra, se mal imaginei a ema, se mal
sua imagem incompleta, seu traço de praga, esse
retrato que rompe este poema, a pequena hermenêutica
da plenitude difícil dos beijos, das fotografias
na parede de seu quarto, suas lembranças
cheias de ressonâncias mortas, o quê
que significa estar cheio
se há que quebrar tudo, o que significa o verdor
detrás de porta e nuvem de cigarros a dois centímetros do teto
desenhando um corpo, secando pele que sua
sombra do nosferatu, jovens britânicos
pub fantasma de Yorkshire, periferia maldita
possibilidade monstruosa, debruçada
no frontispício de um cinema que abandonamos
a fantasmas que nunca vieram a estas vilas, dentro
do ventre de uma batalha contra imagem afundada
em sofás baratos, tv technicolor, do lado da herança
a miséria de parente estrangeiro cuja caveira prende-se
ao zíper da calça enquanto a água golpeia
suas lembranças, dispersas, o tempo atípico
o leve simulacro de tradução que soa nas palavras
escrevo para você, animal intraduzível
quando em O brother where art thou brilha ajoelhado
esse mesmo menino, dentro da canção
dos três coveiros negros cavando chuva muito longe
longe
do lugar em que o encontra, redundante, inútil
bar alegre e piedade escura, insolação adolescente irritável
você lança
o laço, telefonema, tela plasma
a ele que não é valente, que não é bravo, que jamais
arruma coragem para embebedar-se e perder
o controle que resta da vida; vaso ao oceano
ou hipopótamo que fala de amor diante dum ataúde
já não sei, a vida, já não sei onde erguer
o garoto ensebado que às duas da tarde
acorda um domingo e pensa
no fundo ofendido desta cidade, nesta marcha
que exibe o espectro imantado
do meu cabelo água, cabelo luz, cabelo placidez municipal
nota fiscal incendiária que dança como o mar
como uma prancha de felicidade numa vila
que não fala bem
da felicidade
(tradução de Ricardo Domeneck)
original e fonte: http://revistamododeusar.blogspot.de/2014/01/wingston-gonzalez.html
câmera na mão, abraça o sal do universo
a reproduz, a reescreve, desconstroi
o som da água quando o corpo se desespera
emas correm por tundra assombrosa
destruição de peitos, presenças fixas, perguntas
coisas óbvias, lugar exato, sentido, palavra limpa
folhas de joio, exaltada, uma voz pergunta
por que uma ema correria pela tundra se mal
sei o que é tundra, se mal imaginei a ema, se mal
sua imagem incompleta, seu traço de praga, esse
retrato que rompe este poema, a pequena hermenêutica
da plenitude difícil dos beijos, das fotografias
na parede de seu quarto, suas lembranças
cheias de ressonâncias mortas, o quê
que significa estar cheio
se há que quebrar tudo, o que significa o verdor
detrás de porta e nuvem de cigarros a dois centímetros do teto
desenhando um corpo, secando pele que sua
sombra do nosferatu, jovens britânicos
pub fantasma de Yorkshire, periferia maldita
possibilidade monstruosa, debruçada
no frontispício de um cinema que abandonamos
a fantasmas que nunca vieram a estas vilas, dentro
do ventre de uma batalha contra imagem afundada
em sofás baratos, tv technicolor, do lado da herança
a miséria de parente estrangeiro cuja caveira prende-se
ao zíper da calça enquanto a água golpeia
suas lembranças, dispersas, o tempo atípico
o leve simulacro de tradução que soa nas palavras
escrevo para você, animal intraduzível
quando em O brother where art thou brilha ajoelhado
esse mesmo menino, dentro da canção
dos três coveiros negros cavando chuva muito longe
longe
do lugar em que o encontra, redundante, inútil
bar alegre e piedade escura, insolação adolescente irritável
você lança
o laço, telefonema, tela plasma
a ele que não é valente, que não é bravo, que jamais
arruma coragem para embebedar-se e perder
o controle que resta da vida; vaso ao oceano
ou hipopótamo que fala de amor diante dum ataúde
já não sei, a vida, já não sei onde erguer
o garoto ensebado que às duas da tarde
acorda um domingo e pensa
no fundo ofendido desta cidade, nesta marcha
que exibe o espectro imantado
do meu cabelo água, cabelo luz, cabelo placidez municipal
nota fiscal incendiária que dança como o mar
como uma prancha de felicidade numa vila
que não fala bem
da felicidade
(tradução de Ricardo Domeneck)
original e fonte: http://revistamododeusar.blogspot.de/2014/01/wingston-gonzalez.html
Mãos, de Amélia Dalomba
Mãos desenham raízes dos cânticos da terra
Geram vida na identidade da flor entre o espírito da letra
Engendram salmos na inserção da cruz às preces das dores
Mãos são séculos de páginas aos joelhos de Fátima
São lágrimas ao altar do desespero
via: http://revistamododeusar.blogspot.de/2015/02/amelia-dalomba.html
Geram vida na identidade da flor entre o espírito da letra
Engendram salmos na inserção da cruz às preces das dores
Mãos são séculos de páginas aos joelhos de Fátima
São lágrimas ao altar do desespero
via: http://revistamododeusar.blogspot.de/2015/02/amelia-dalomba.html
quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
"The Poet’s Hollywood Dreams", de Ricardo Domeneck
1-
I’d like a script
in which an Estonian army
conspires to stone
Gertrude Stein
& I plato(o)nic at salvation
to the sound of the Rolling Stones.
2-
I’d like science fiction
with Winnie-the-Pooh in coitus
& I in an act of humachine
mixegenation uterize automatons
struck with Sisyphean cramps
to the sound of Sonic Youth.
3-
I’d like a cartoon
in which a tsunamic infection
in franchises devastates amygdalas
from Poughkeepsie to Rangoon
& I shaman develop the vaccine
to the sound of Maysa & Björk.
4-
I’d like an epic porn
from Rob Lowe to Rock Hudson
all hunks and hulks of Hollywood
in rows in collars on all fours
& I’m mixed up in a harem to 8 ½
to the sound of “I’m a slave for U.”
5-
I’d like a western
once again waiting for the barbarians
to invade the Occident
& I a monk copy & paste
to save Oz & Dante from oblivion
to the sound of Portishead.
(translated by Hilary Kaplan)
§
"Sonhos Hollywoodianos de Poeta"
1-
quem-me-dera oh! a script
em que um exército estônio
conspirasse pelo apedrejar
de Gertrude Stein
& eu platoonico ao resgate
ao som de Rolling Stones.
2-
quem-me-dera oh! science fiction
com Winnie-the-Pooh em cópula
& eu num ato de miscigênese
maquinânimo uterasse autômatos
poupando de suas cãibras a Sísifo
ao som de Sonic Youth.
3-
quem-me-dera oh! a cartoon
em que uma infecção em franquias
tsunâmica devastasse amígdalas
entre Poughkeepsie e Rangoon
& eu shaman a medrar a vacina
ao som de Björk & Maysa.
4-
quem-me-dera oh! an epic porn
de Rob Lowe a Rock Hudson
all hunks and Hulks of Hollywood
de coleiras em fileiras on all fours
& eu às avessas num harém à 8 ½
ao som de “I´m a slave for U”.
5-
quem-me-dera oh! a western
once again awaiting barbarians
em invasões contra o Ocidente
& eu monge copy & paste
a salvar do olvido a Oz & Dante
ao som de Portishead.
fonte: https://www.facebook.com/ricardo.domeneck/posts/10153341361656814
I’d like a script
in which an Estonian army
conspires to stone
Gertrude Stein
& I plato(o)nic at salvation
to the sound of the Rolling Stones.
2-
I’d like science fiction
with Winnie-the-Pooh in coitus
& I in an act of humachine
mixegenation uterize automatons
struck with Sisyphean cramps
to the sound of Sonic Youth.
3-
I’d like a cartoon
in which a tsunamic infection
in franchises devastates amygdalas
from Poughkeepsie to Rangoon
& I shaman develop the vaccine
to the sound of Maysa & Björk.
4-
I’d like an epic porn
from Rob Lowe to Rock Hudson
all hunks and hulks of Hollywood
in rows in collars on all fours
& I’m mixed up in a harem to 8 ½
to the sound of “I’m a slave for U.”
5-
I’d like a western
once again waiting for the barbarians
to invade the Occident
& I a monk copy & paste
to save Oz & Dante from oblivion
to the sound of Portishead.
(translated by Hilary Kaplan)
§
"Sonhos Hollywoodianos de Poeta"
1-
quem-me-dera oh! a script
em que um exército estônio
conspirasse pelo apedrejar
de Gertrude Stein
& eu platoonico ao resgate
ao som de Rolling Stones.
2-
quem-me-dera oh! science fiction
com Winnie-the-Pooh em cópula
& eu num ato de miscigênese
maquinânimo uterasse autômatos
poupando de suas cãibras a Sísifo
ao som de Sonic Youth.
3-
quem-me-dera oh! a cartoon
em que uma infecção em franquias
tsunâmica devastasse amígdalas
entre Poughkeepsie e Rangoon
& eu shaman a medrar a vacina
ao som de Björk & Maysa.
4-
quem-me-dera oh! an epic porn
de Rob Lowe a Rock Hudson
all hunks and Hulks of Hollywood
de coleiras em fileiras on all fours
& eu às avessas num harém à 8 ½
ao som de “I´m a slave for U”.
5-
quem-me-dera oh! a western
once again awaiting barbarians
em invasões contra o Ocidente
& eu monge copy & paste
a salvar do olvido a Oz & Dante
ao som de Portishead.
fonte: https://www.facebook.com/ricardo.domeneck/posts/10153341361656814
Small Sculpture, de Mairéad Byrne, tradução de Dirceu Villa
PEQUENA ESCULTURA 1
A família toda no sofá
Com cintos de segurança.
§
SMALL SCULPTURE 1
On the couch the whole family sits
Strapped in with safety belts.
A família toda no sofá
Com cintos de segurança.
§
SMALL SCULPTURE 1
On the couch the whole family sits
Strapped in with safety belts.
monólogo de Crave, de Sarah Kane
“And I want to play hide-and-seek and give you my clothes and tell you I
like your shoes and sit on the steps while you take a bath and massage
your neck and kiss your feet and hold your hand and go for a meal and
not mind when you eat my food and meet you at Rudy’s and talk about the
day and type your letters and carry your boxes and laugh at your
paranoia and give you tapes you don’t listen to and watch great films
and watch terrible films and complain about the radio and take pictures
of you when you’re sleeping and get up to fetch you coffee and bagels
and Danish and go to Florent and drink coffee at midnight and have you
steal my cigarettes and never be able to find a match and tell you about
the the programme I saw the night before and take you to the eye
hospital and not laugh at your jokes and want you in the morning but let
you sleep for a while and kiss your back and stroke your skin and tell
you how much I love your hair your eyes your lips your neck your breasts
your arse and sit on the steps smoking till your neighbor comes home
and sit on the steps smoking till you come home and worry when you’re
late and be amazed when you’re early and give you sunflowers and go to
your party and dance till I’m black and be sorry when I’m wrong and
happy when you forgive me and look at your photos and wish I’d known you
forever and hear your voice in my ear and feel your skin on my skin and
get scared when you’re angry and your eye has gone red and the other
eye blue and your hair to the left and your face oriental and tell you
you’re gorgeous and hug you when you’re anxious and hold you when you
hurt and want you when I smell you and offend you when I touch you and
whimper when I’m next to you and whimper when I’m not and dribble on
your breast and smother you in the night and get cold when you take the
blanket and hot when you don’t and melt when you smile and dissolve when
you laugh and not understand why you think I’m rejecting you when I’m
not rejecting you and wonder how you could think I’d ever reject you and
wonder who you are but accept you anyway and tell you about the tree
angel enchanted forest boy who flew across the ocean because he loved
you and write poems for you and wonder why you don’t believe me and have
a feeling so deep I can’t find words for it and want to buy you a
kitten I’d get jealous of because it would get more attention than me
and keep you in bed when you have to go and cry like a baby when you
finally do and get rid of the roaches and buy you presents you don’t
want and take them away again and ask you to marry me and you say no
again but keep on asking because though you think I don’t mean it I do
always have from the first time I asked you and wander the city thinking
it’s empty without you and want want you want and think I’m losing
myself but know I’m safe with you and tell you the worst of me and try
to give you the best of me because you don’t deserve any less and answer
your questions when I’d rather not and tell you the truth when I really
don’t want to and try to be honest because I know you prefer it and
think it’s all over but hang on in for just ten more minutes before you
throw me out of your life and forget who I am and try to get closer to
you because it’s a beautiful learning to know you and well worth the
effort and speak German to you badly and Hebrew to you worse and make
love with you at three in the morning and somehow somehow somehow
communicate some of the overwhelming undying overpowering unconditional
all-encompassing heart-enriching mind-expanding on-going never-ending
love I have for you.”
via: Allan Jacinto Santana
via: Allan Jacinto Santana
Assinar:
Postagens (Atom)