quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Navegavam sem o mapa que faziam, de Sophia de Mello Breyner Andresen

(Atrás deixando conluios e conversas)
Os homens sábios tinham concluído
Que só podia haver o já sabido:
Para a frente era só o inavegável
Sob o calor de um sol inabitável

Indecifrada escrita de outros astros
No silêncio das zonas nebulosas
Trémula a bússola tacteava espaços

Depois surgiram as costas luminosas
Silêncios e palmares frescor ardente
E o brilho do visível frente a frente

In:
[“As ilhas”, VI, Navegações]
1983
Sophia de Mello Breyner Andresen
(1919-2004)



via: Grouxo

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