Ele os via partir: via o instante em que a massa informe de cavalos e cavaleiros se comprimia como uma mola pressionada ao máximo para, em seguida, soltar-se com toda a força possível, em um tropel sem direção e hierarquia, um amontoado de corpos e rostos e patas, tudo no ventre de uma nuvem de pó que se erguia, impregnada de gritos e rodeada de um silêncio total, um instante de exasperante nada, antes que a badalada do sino, lá em cima do campanário, liberasse tudo e todos daquela já oprimente hesitação e rompesse os diques da espera, para soltar a frenética maré que era a corrida propriamente.
(do capítulo 1 da terceira parte)
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