quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

From the House of Yemanjá, de Audre Lorde, tradução de Thamires Zabotto

From the House of Yemanjá

My mother had two faces and a frying pot  
where she cooked up her daughters
into girls
before she fixed our dinner.
My mother had two faces
and a broken pot
where she hid out a perfect daughter  
who was not me
I am the sun and moon and forever hungry  
for her eyes.

I bear two women upon my back
one dark and rich and hidden
in the ivory hungers of the other mother
pale as a witch
yet steady and familiar
brings me bread and terror
in my sleep
her breasts are huge exciting anchors  
in the midnight storm.
All this has been
before
in my mother’s bed
time has no sense
I have no brothers
and my sisters are cruel.
Mother I need
mother I need
mother I need your blackness now  
as the august earth needs rain.  
I am
the sun and moon and forever hungry  
the sharpened edge
where day and night shall meet
and not be
one.



Da casa de Iemanjá

Minha mãe tinha duas faces e uma frigideira
onde ela cozinhava suas filhas
para serem garotas
antes de fazer nossa janta.
Minha mãe tinha duas faces
e uma panela quebrada
onde escondeu a filha perfeita
que não era eu
Eu sou o sol e a lua e para sempre faminta
de seus olhos.

Carrego duas mulheres nas minhas costas
uma negra e rica e escondida
nas fomes ebúrneas da outra
mãe
pálida como uma bruxa
mas estável e familiar
me traz pão e terror
no meu sono
seus seios são enormes fascinantes âncoras
na tempestade da meia-noite.

Tudo isto foi
antes
na cama da minha mãe
o tempo não tem sentido
não tenho irmãos
e minhas irmãs são cruéis.

Mãe eu preciso
mãe eu preciso
mãe eu preciso de sua negritude agora
como a terra de agosto precisa de chuva.
Eu sou

o sol e a lua e para sempre faminta
a faca aguçada
onde dia e noite se encontrarão
e não serão
um.




fonte: https://escamandro.wordpress.com/2015/01/14/a-invocacao-dos-orixas-na-poesia-de-audre-lorde-por-thamires-zabotto/

Nenhum comentário:

Postar um comentário