terça-feira, 30 de janeiro de 2018

ROSAS, de Júlia de Carvalho Hansen

o amor me esquartejou em seis
continentes incapazes de se conter
o modo que eu morri
foi tão de repente

confesso fui eu que puxei seus dentes
antes e durante o entardecer tem rosas
nítidas e supérfluas sobre a mesa
purificando o meu espírito trôpego

foi-me dado um candeeiro um circo
ateando um chicote no lombo do acidente
eu me antecipo cada vez que vejo um poço
teu vitalício laço de fita nó de corda meu amor

a tua língua vale o que vale
teu ricochete, teus meandros
medos, usuras, os prevenidos
armários das famílias

abertos pelo caos nos guiamos
olhos mais longos que os de lúcifer
moram nas suas coxas
quando me anteveem

marfim, colchão mole
água na boca
no tronco um portão
noite luz


via : https://escamandro.wordpress.com/2017/11/16/6-poemas-ineditos-de-julia-de-carvalho-hansen/

Nenhum comentário:

Postar um comentário