segunda-feira, 12 de outubro de 2020

A PAPOILA VERMELHA, de Louise Glück, tradução de Ricardo Marques

A melhor coisa

é não ter

cabeça. Sentimentos:

oh, esses tenho, pois eles

governam-me. Tenho

um senhor no céu

a que chamo sol, e abro-me

para ele, mostrando-lhe

o fogo do meu próprio coração, um fogo

como o da sua presença.

Que glória poderia ser essa

senão um coração? Oh, irmãos e irmãs,

terão sido como eu, há séculos,

antes de serem humanos? Ter-se-ão

deixado abrir uma vez, para 

nunca mais abrir? Porque de facto

neste instante falo

tal como vós. Falo

porque estou destruída.


Via camile via opoemaensinaacair

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