domingo, 11 de abril de 2021

Fear and the monkey, Burroughs, traduzido por Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça: "o medo e o macaco"

 POETA: WILLIAM S. BURROUGHS

William Seward Burroughs II (St. Louis, 5 de fevereiro de 1914 — Lawrence, 2 de agosto de 1997) foi um escritor, pintor e crítico social nascido nos Estados Unidos da América.


POEMA – FEAR AND THE MONKEY

Turgid itch and the perfume of death

On a whispering south wind

A smell of abyss and of nothingness

Dark Angel of the wanderers howls through the loft

With sick smelling sleep

Morning dream of a lost monkey

Born and muffled under old whimsies

With rose leaves in closed jars

Fear and the monkey

Sour taste of green fruit in the dawn

The air milky and spiced with the trade winds

White flesh was showing

His jeans were so old

Leg shadows by the sea

Morning light

On the sky light of a little shop

On the odor of cheap wine in the sailors’ quarter

On the fountain sobbing in the police courtyards

On the statue of moldy stone

On the little boy whistling to stray dogs.

Wanderers cling to their fading home

A lost train whistle wan and muffled

In the loft night taste of water

Morning light on milky flesh

Turgid itch ghost hand

Sad as the death of monkeys

Thy father a falling star

Crystal bone into thin air

Night sky

Dispersal and emptiness.

— August 1978.


(Tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça)

MEDO E O MACACO

Coceira irritante e o perfume da morte

No sussurrante vento sul

Cheiro de abismo e nada

O Anjo Vil dos vagabundos uiva pelo apartamento

Como um sono cheirando a doença

Sonho matutino de um macaco perdido

Nascido e sufocado por velhas fantasias

Com pétalas de rosa em frascos fechados

Medo e o macaco

Gosto amargo de fruta verde ao amanhecer

O ar lácteo e picante da brisa marinha

Carne branca denuncia

Teus jeans tão desbotados

Perna sob sombras do mar

Luz da manhã

No néon celeste de um armazém

No cheiro do vinho barato no bairro dos marujos

Na fonte soluçante do patío da polícia

Na estátua de pedra embolorada

No molequinho assobiando para vira-latas.

Vagabundos agarram suas casa imaginárias

Um trem perdido apita vago e abafado

No apartamento noite gosto d’água

Luz da manhã em carne láctea

Coceira irritante mão fantasma

Triste como a morte dos macacos

Teu pai uma estrela cadente

Osso de cristal no ar fino

Céu noturno

Dispersão e vazio.

(Em Vozes & VIsões: Panorama da Arte e Cultura Norte-Americanas Hoje, Editora Iluminuras, 1994)



dica de Alda Alexandre

achado em:

https://boni.wordpress.com/2017/02/05/098/

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